Na prática da ortopedia é relativamente comum nos deparamos com pacientes que fizeram algum exame de imagem que evidenciou um tumor ósseo. É o chamado “achado incidental” ou ocasional. Muitas vezes, essas lesões que são assintomáticas (não causam dor ou qualquer outro sintoma) podem se apresentar através de uma radiografia simples realizada por algum trauma na mesma região. Outras vezes, podem ocasionar fratura com traumas mínimos em pacientes jovens, o que nos faz acender um alerta. Por isso é sempre tão importante estarmos atentos às informações durante a consulta.
Uma lesão típica de achado incidental é o CISTO ÓSSEO SIMPLES.
Esta é uma lesão pseudotumoral, benigna, caracterizada por uma cavidade única (unicameral) repleta de líquido. Mais comum aparecer na infância e adolescência, na região proximal do úmero (ombro) e do fêmur (quadril). Acredita-se que em até 70% dessas lesões ocorra fratura. Diagnóstico geralmente é feito pela história e radiografia simples. Nem sempre é necessário a biópsia por agulha.
O tratamento depende de diversos fatores e necessita de experiência do ortopedista oncológico. Pode variar desde expectante (não necessitar de nada) até cirúrgico com ressecção da lesão, enxerto e fixação com placas e parafusos. De maneira geral, os cistos ósseos simples que se apresentam na região do fêmur são cirúrgicos, por apresentarem maior risco de evoluir para fratura. Já em membros superiores (braços), costuma-se apenas observar ou tratar de maneira conservadora mesmo quando apresentam fratura. Há ainda descrito um procedimento proposto por Scaglietti (1976), que consiste em aspirar o conteúdo da lesão através de agulha grossa seguida de injeção de corticóide.
Mesmo com tratamento conservador chegamos a 70% de resolução espontânea. Precisamos estar atentos às recidivas, e evitar fraturas patológicas por progressão da doença. Por isso tudo, é muito importante procurar o ortopedista oncológico caso receba esse diagnóstico!